Corro o risco de ser mal-interpretada. Mas tudo o que eu procuro nessa época de fim de ano é um bar longe da confraternização de grandes grupos. Me perco nas conversas, como e bebo mais do que deveria e, via de regra, a conta vai às alturas.
Talvez esse tenha sido o momento perfeito para voltar à Shake Rio, escola de coquetelaria onde aprendi a fazer pequenos truques com as garrafas — veja bem, não tenho qualquer pretensão de ir para o outro lado do balcão — e que, agora, abriga um speakyeasy para 12 pessoas. Não dá nem para chamar de bar, é uma experiência.
A brincadeira começa já na hora da reserva, quando você recebe uma senha que lhe abrirá as portas para uma noite diferente — a começar pelo lugar: uma sala num prédio comercial no Centro.
O passaporte básico (R$ 100) dá direito a um ponchê de boas-vindas, dois coquetéis e um minimenu degustação de três tapas — o atual é tartar de pupunha com limão-siciliano, ceviche de linguado e cogumelos Paris recheados.
A carta, assinada pelo dono da casa, Walter Garin, é enxuta: 12 coquetéis (R$ 25 cada). Mas as possibilidades são sem fim, já que as mais de 350 garrafas da escola ficam à disposição para novas criações e pedidos inusitados.
O welcome drink, com Pimm’s — o aperitivo preferido da realeza —, martini bitter, Campari, sucos cítricos e espumante, me deu o tempo de que precisava para a minha primeira escolha. Como dificilmente encontro um bar com mezcal (um parente da tequila), fui de Charrito: mezcal, fernet, purê de maçã fresco, pimento dram, aquafava e bitter. Defumado na medida certa.
Fui embora encucada depois de experimentar o The Martinez? Is it?: gim, xarope de lavanda, marraschino, vermute branco, bitter de ruibarbo, spray de arak e cebolinha em conserva de guarnição. Como nunca tinha pensado nisso?
Shake Rio
Rua Senador Dantas 117, sala 1.728, Centro. Qui e sex, das 18h às 23h. Reservas: 2524-4971 e 98484-9874.