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Listamos 50 rótulos das mais diversas origens por até R$ 50

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Por Bruno Calixto, do Rio Show

Vinho tinto

Não parecia uma tarefa das mais fáceis, ainda mais em tempos de cifras para lá de altas, mas fomos em busca de vinhos para beber sem gastar tudo o que tem, e o resultado são 50 rótulos das mais diversas regiões do mundo em toda a cidade por até R$ 50. 

 Para bom bebedor meia garrafa não basta, portanto, a seleção inclui de 750ml para cima, de tintos, brancos e até espumantestodos vinhos para o dia a dia, e não para ocasiões muito especiaisImportante: não estamos tratando de produtos para levar para casamas sim de lugares onde comprar quer dizer beber e brindar ali mesmo, além de harmonizar. Um programão para inverno nenhum colocar defeito. 

Alguns são importados pelapróprias casas, uma das principais razões pelos preços modestos. Caso do sommelier Bernardo Murgelsócio da Porto di Vino, Gávea, onde ele serve cinco vinhos de três vinícolas europeias por até R$ 45 (sem a taxa de serviço). São elesNero D'Avola Amanti (tinto italiano), Primitivo Amanti (tinto italiano), Alerys (tinto, branco e rosé espanhol) 

 "Saímos da função de distribuidor (preço impagável) a importador, subimos na cadeiaImportando sem intermediário eu consigo abaixar em 30% o custo, com isto aumento minha margem de lucro em 15% e repasso 15% ao cliente"detalha. 

É simples. O importador no Rio compra e vende mais barato no Rio do que um importador em São Paulo, por exemplo. Isto no mundo dos vinhoscomenta Paula Brazuna, é ainda mais do que matemática.  

"São dois impostos que incidem sobre o vinho, IPI (Imposto sobre Produto industrializado) e ST (Substituição Tributária). Quando uma casa no Rio compra de uma importadora no Rio, por exemplo, paga algo em torno de 31,19% de imposto, enquanto que se a operação for feita com uma empresa sediada em outro estado, este valor chega a 56%, explica a diretora, cuja importadora, a Berkmann Wine Cellars, é de matriz inglesa com sede no Rio. 

 Um dos produtos importados pela multinacional é vendido por R$ 49 no restaurante francês Amélie Creperie et Bistrotespecializado em crepes de trigo-sarraceno. Trata-se do espanhol Casa Roja, encontrado nas versões tinto (tempranillo) e branco (viúra bianco). Mas este preço só vale para o Festival de Risoto (entrada, principal e sobremesa por R$ 74que termina no dia 31 de julho. Com unidades no Barra Shopping e Shopping da Gáveao Amélie, das sócias Aline Amaral e Sálua Bueno, acaba de inaugurar filial no Botafogo Praia Shopping. 

sommelier Bernardo Murgel, no entanto, alerta:  

"O limite é na faixa R$ 35, pois se o vinho custar R$ 25 o cliente desconfia e não compra".  

Quem concorda é o crítico e colunista Pedro Mello Souza ("Letras garrafais"): 

 "As pessoas desconfiam de qualquer coisa que não remeta ao serviço pomposoprincipalmente quando fala-se em vinho, vira esta coisa empinada", diz. "Não tratamos o vinho como cerveja, não tem essa de 'me dá um vinho ai'. Ainda há muita cerimônias, e uma delas é o preço". 

 MAIS DO VELHO MUNDO 

Portugal e Espanha não ficam fora dessa busca por safras e cifras quem cabem no bolso. Visando uma margem de lucro bem baixa, Marcos Sá, da pequena Tasca Carvalho, compra seus 30 rótulos de um amigo importador que traz vinhos de Portugal, sendo alguns destes vendidos por R$ 49,90. Um deles é o Foral D. Henriques (Dão), conhecido pela cor rubi e aroma de baunilha. Os outros, todos tintos, são: Ponte da Barca (Minho, região do vinho verde)JP Azeitão (Península de Setúbal)Pinta Negra (Lisboa)Fraga da Moira (Douro) e Terras de Alleu (Tras-os-Montes). 

"Temos vinhos bons mas de rótulos não famosos, como Periquita e cia", diz Marcos. 

Para o sommelier Dionísio ChavesPortugal lidera essa onda de vinhos finos a preços justos por aqui desde que as regiões do Douro, Alentejo e a 'DOC' Lisboa passaram a fazer parte da mesa dos brasileiros 

 "A Espanha ainda tímida em nosso mercado vem crescendo exatamente pelos bons vinhos a preços baixos, principalmente os da região de Castilla La Mancha, a maior em produção naquele país", acrescenta Dionísio. 

Na Casa Carandaí, Jardim Botânico, o vinho é servido no espaço do café, nos fundos da loja, onde fica a adega. Ncarta, elaborada pelo sommelier Maurício Kaufman, tem dois rótulos de ótimo custo benefício. Um deles é o português Casaleiro Colheita Selecionada (2015), da região do Tejo, um tinto feito com as uvas castelão, trincadeira e touriga nacional por R$ 49. O outro é o chileno Misiones de Rengo cabernet sauvignon (2015), produzido pela Viña San Pedro, do Valle Central, a R$ 50. 

 A reboque do preço, chegam outras soluções para baratear os vinhoscomo para a rolha de cortiça, por exemplo, que, na opinião de Pedro Mello e Souza, encarece muito. A tampa de roscacomo ele publicou em sua coluna no Rio Show, é um dos fatores de barateamento. Uma outra solução, segundo ele a campeã de preconceito total, é o vinho na caixa. 

 "O grande barato é que o vinho está no saco como se fosse sangue naquele saco de transfusãotem um sistema que mantém o líquidvácuo o tempo todo, como um chope na porta da cozinha e pessoal vai se servindo", defende o crítico. 

 No La Terrazzaaberto em abril em Ipanema, é assim. Não é bem a garrafa, mas o líquido que importa. Sócios, o sommelier Dionísio Chaves e restaurateur Nicola Giorgio (Duo, Duo TrattoriaBottega Del Vino e Unikoresolveram apostar na caixa de vinho, que lá sai por R$ 190. São três litros de vinho volume de quatro garrafas, ou seja, menos de R$ 50 cadaO rótulo em questão é syrah espanhol Monastrel (2015). 

"Os franceses começaram com isso. Os brasileiros já seguem. O espanhol que temos no La Terrazza é um tinto leve, frutado, muito agradável de beber. Não precisa de cerimônias para degusta-lo, uma boa companhia e uns aperitivos estão perfeitosSem muita trabalheira. É beber e se divertirEsse tipo de vinhos nos remete ao clássico vintage, hoje esquecido, "vinho da casa". Sempre bons e preços melhores ainda", destaca Dionísio Chaves. 

 Os vinhos da caixa normalmente são mais baratos devido à economia que se faz em relação a garrafa, rotulagem, cápsula, caixa para armazenar as garrafas e rolha.  

"Depois de todo esse custo ainda tem todos os impostos sobre o produto finalizado no país de origem, na importação e depois na venda ao consumidor final. Muito custo imputado num vinho de consumo diário, na caixa ele economiza todo esse valor agregado tornando assim, o preço do vinho muito mais acessível", conclui Dionísio. 

 VINHOS DO NOVO MUNDO 

 Nestempreitada que prioriza custo/benefíciosurgiram muitos rótulos dos vizinhos Chile e Argentina e até da África do Sul.  

Reduto de cervejeiros aberto em Copacabana em 2012, Os Imortais, em dezembro, ganhou uma segunda unidade no mesmo bairro, onde vende dois rótulos chilenos por até R$ 48: Santa Carolina (tintos nas uvas merlot ou carménère e brancos, nas uvas chardonnay ou sauvignon blanc) e AS3 (tintocabernet sauvignon).  

 A capacidade da nova loja é para 60 pessoas, e para acompanhar, os primos e sócios Fernando Martins e Rômulo Torres servem pratos para dividir, como arroz de rabada com agrião (para uva tintaR$ 36,80) e ceviche (para uva brancaR$18,50). 

 O vinho chileno U, da linha do Undurraga, pode ser tomado por R$ 48 na Vendita Wine & Foodaberta há um ano no Shopping Leblondisponível nas uvas chardonnaycabernet Sauvignon e carménèrePor R$ 50você toma o argentino 505 Casarena (malbec) 

 Com 30 lugares (algumas banquetas altas para refeições ligeiras) e 800 garrafas de 400 rótulos de todos os continentes, o restaurante das sócias Gabriella Vieira e Janine Sad dispõe de um "bar de queijose marcas nacionais artesanais da região Centro-Oeste (entre R$ 21,50 e R$ 33) selecionadapelo cheese-hunter André Deolindo. A saber, o vinho mais caro ali é um Romanée-Conti safra 2009, R$ 89 mil. 

Pertinho, no Uh Lalácarmére Santa Digna sai por R$ 43 e o  malbec argentino MTerruno (um dos favoritos da proprietária Lais Cadman), R$ 49. 

Espécie ne Cobal da Zona Oeste, o Empório Santa Teresinha, no Recreio, serve o tinto sul-africano Natana (2013) a R$ 44,90. Com 300 rótulos nas prateleiras, a casa comemora oito anos em setembro e um dos carros-chefes entre os petiscos continua o bolinhos de bacalhau (R$ 44,90, seis unidades) 

 Com mais de dois mil rótulos prontos para serem consumidos, o Castelo do Vinho, na Pechincha, em Jacarepaguá, vende o chileno Isla Negra (carménère/cabernet2013) a R$ 48Aberto há 14 anos, o lugar tem formato de castelo de verdade e no restaurante cabem até 300 pessoas. Para acompanharpetiscos sanduíches como mignon no pão italiano (R$ 50para dividir). Ali, o vinho mais caro (em falta) custa R$ 25 mil, o francês Chateau Petrus (1974), considerado um dos melhores do mundo. 

 Há 25 anos na Tijuca, o restaurante Umas & Ostras é um daqueles clássicos de bairro cheios de famílias no almoço, com toalhas de pano sobre a mesa, balcão refrigerado e azeite em lata. Apesar da cozinha portuguesa, tem vinho chileno a R$ 49 (West Bay Isla Negratinto ou branco),mas tem também o Encostas do Trogão (da terrinha), ideal para acompanhar o bolinho de bacalhau (R$ 28,60, seis unidades) ou um dos pratos com bacalhau da casa (cerca de R$ 150, para dividir). Também na Tijuca, a Bardot Vinhos e Artes é uma loja com serviço de degustação (sem taxa) que vai do 8 ao 80. Num imóvel que já foi locadora de vídeo, a casa tem mais de mil rótulos, sendo que 17 são vendidos por menos de R$ 50. Entre eles, o chileno Alto Los Romeros, o argentino Benjamin, o uruguaio Los Terros, o português Portas do Sol, o itlaiano Boccantino, o espanhol Pata Negra Oro e o sul-africano Nederburg. 

Para acompanhar, queijos e frios (R$ 21,99 a R$ 24,90, a porção) e pão de queijo da Serra da Canastra (R$ 13, seis unidades). 

 VINHOS DO BRASIL 

 Ainda com cheiro de tinta fresca, a Cave Nacional Restobarinaugurada há menos de dois meses em Botafogo, exibe trêtintos por menos de R$ 50:  Villa Mosconi (riesling, R$ 48), Quinta de Santa Maria Entre Nós (tinto, R$ 49) e Perico Equação (tinto, R$ 49)O cliente entra na adega para escolher entre os 140 rótulos da coleção 100% brasileira, divididos por região. 

"Compramos direto das vinícolas, que são 30, e optamos por valorizar pequenos e médios produtores, de todas as regiões do Brasil. Como temos uma loja virtual, compramos em grande quantidade, o que também diminui o preço", explica Karina Rodrigues, que é sócia do marido Marcelo Rebouças. 

Da cozinha, saem baguetes de Parma ou Canastra com rúcula e pimenta (R$ 33), costelinha de porco (R$ 49), risotos (R$ 44) e um cocote com goiabada, gorgonzola e mel (R$ 36). 

 Em Ipanema, no disputado Canastra, não é só o preço (R4 12) da taça de tinto, rosé ou branco que faz a alegria, mas o de algumas garrafacomo a do sauvingnon blanc Gato no Telhado a do rosé Nos Lábios da Loira (malbec), ambos da Serra Gaúcha, vendidos por R$ 49. 

 "Se era para cobrar R$ 100 por uma garrafa de vinho importado, escolhemos bons nacionais para manter a qualidade alta e o preço baixo", afirmfrancês Gerard Giaune, sócio do boteco onde, desde que abriu há dois anos, o cliente toma vinho sem frescura, em pé na calçada ou na muretinha da frente.  

As comidinhas também fazem jus à fama da casa, onde tudo é brasileiro, incluindo o caponata e a berinjela de Petrópolis queijo de Minas Gerais. Tudo ali custa entre R$ 12 e R$ 26e se der sorte, além de comer e beber gastando poucoainda pode rolar um #crush. 

Especializado nos sabores franco-alemães da Alsácia, região localizada na França, fronteira com a Alemanha, o Flambée, Barra, traz na carta três opções de vinhos tintos nacionais a R$ 48 do rótulo Giaretta, de Guapóré (RS), nas castas tannat merlot ancelotta. A sugestão para harmonizar é o prato da casa que leva mignon com creme de cogumelo e pastrami, servido com arroz, legumes, fritas e salada verde (R$ 119 para duas pessoas). 

Todo dia um espumante nacional a R$ 49? Se pensou numa champanheria na Zona Sul, errou feio. Quem banca a promoção é o Pow Boteco Espumante, na Lapa, onde o cliente pede o líquido borbulhante no balcão e bebe sentado em mesas compartilhadas ou em pé, sem cerimônia, sem ter que deixar as calças para pagar 

 "Só trabalhamos com espumantes nacionais. A cada dia, um rótulo é vendido a R$ 49, e no revezamento estão Peterlongo prosseco brutMassimiliano  brut e Salton series rosé brutFirmamos parceria com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), que nos coloca em contato direto com o produtor, diminuindo custos", informa o sócio Beto Moraes (ex-Champanheria Ovelha Negra). 

Aberta em novembro num sobrado de 1883, a casa serve uma variedade de petiscoscomo bolinhas de camarão com alho-poró (R$ 29). Na hora de abrir a garrafa, brinca Moraes, o cliente escolhe: com ou sem 'pow'.  

"Aqui, o objetivo é democratizar o espumante e acabar com a chatice em torno das borbulhas."  

Depois disso, com a taça em punhosó resta dizer tintim merci aos rótulos que são bons disponíveis a preços melhores ainda.

 


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