Já é tradição na cidade. Há dez anos a divulgação dos petiscos do Comida di Buteco deixa os fãs do concurso com água na boca enquanto decidem o roteiro de bares a serem explorados. Este ano a receita parece ter desandado. Faltou tempero nas fotos oficiais produzidas por alunos de uma faculdade parceira do concurso. O zum-zum-zum entre um petisco e outro foi geral.
CONHEÇA ALGUNS PETISCOS DO COMIDA DI BUTECO 2017
SAT´S REEDITA PETISCOS DE ANOS ANTERIORES EM BOTAFOGO
- A missão do Comida di Buteco é transformar vidas através da cozinha e produzir, de fato, histórias de inclusão. Nada mais justo do que proporcionar aos alunos a oportunidade de participar de forma relevante no concurso. É uma oportunidade de praticarem o que estão estudando, esta é a forma que encontramos de incluí-los no nosso propósito - justificou Flávia Rocha, uma das sócias do concurso.
O pessoal que entende tudo das biroscas sabe disso, mas não se deu por vencido e foi em busca de cliques que realmente fizessem jus aos petiscos concorrentes. E numa espécie de "expectativa x realidade" às avessas, vários bares decidiram fazer fotos extraoficiais para divulgar seus petiscos.
- Depois de ver e não gostar das fotos oficiais, alguns bares me procuraram porque estão acostumados com fotos profissionais que valorizam o seu trabalho. Ofereci uma opção que mostrasse um outro olhar. Um olhar "não oficial", mais despojado, e com um pouco mais de movimento - conta o fotógrafo Berg Silva. - Eu sempre frequento estes bares como fotógrafo, como cliente, e como amigo dos donos. Somos todos fãs destes botecos que representam a alma do carioca. Queremos que sempre tudo que eles façam dê certo! Tenho prazer em fotografar seus pratos.
A lista não é pequena: Cachambeer, Bar do Momo, Bar da Portuguesa, Bode Cheiroso, Os Imortais, Galeto Sat´s, o Rio Antigo... Para a organização, a ação dos bares é desnecessária.
- É uma opção deles, mas não recomendamos por não achar necessário esse investimento. As fotos são importantes, mas o mais importante é o impacto que cada um gera ao receber o público em seu “buteco”. É isso que perseguimos o tempo todo: gerar histórias de sucesso onde ninguém via relevância ou dava voz - acredita Flávia.
Acontece que fotografar comida é um grande desafio até mesmo para profissionais craques em cliques de gastronomia e com anos de estrada.
- Além de técnica, luz e composição, fotos de gastronomia precisam ter um quê a mais. Têm que mexer com os sentimentos, despertar a vontade do outro de experimentar aquela comida - explica Fábio Rossi, que fez fotos para a capa da última edição do Rio Show e foi o fotógrafo oficial do concurso nas duas primeiras edições. - Fotos de gastronomia têm vida, tem alma. Por trás de um simples prato, tem um chef que colocou ali carinho, sentimentos. Passar isso para o público é fundamental.
A foto que o Bar da Gema está usando em suas redes sociais também não é a oficial. O bar preferiu usar o registro de um cliente amigo e frequentador assíduo do botequim. A Ciscadinha, uma cestinha com drumetes de frango temperados com mix de ervas, mergulhados na farofa de canjiquinha com bacon, ganhou outra cara.
- Todo ano chamamos o Gabriel Cavalcante para provar o petisco antes de começar o concurso e ele tira fotos para postar depois. E esse ano aproveitamos a foto dele para divulgar o nosso petisco nas nossas redes sociais - conta Leandro, do Bar da Gema.
- Gosto de fazer as fotos no local, para captar justamente a alma do lugar. Mesmo nas fotos mais fechadas, sem pegar o ambiente, a comida tem mais brilho, mais vontade de devorá-la. Pega a alma do buteco - completa Rossi.