O carioca Cláudio Moreira Alves é o novo embaixador dos vinhos do Alentejo no Brasil. Ele venceu, em janeiro, o concurso promovido pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), numa final com mais sete participantes brasileiros que incluiu um teste escrito e uma prova oral.
De 2012 para 2015, as exportações de vinhos do Alentejo para o Brasil aumentaram 30%, passando de 2,3 para 3 milhões de litros. A 3ª edição do concurso atraiu 50 participantes. Entre os jurados Rui Falcão, jornalista e crítico de vinhos português, Duarte Calvão, crítico gastronômico e Francisco Mateus, presidente da CVR Alentejana.
Ao Saideira, o sommelier conta como foi o concurso:
Por que escolher os vinhos portugueses?
Originalidade e versatilidade. Portugal vive entre a tradição e a modernidade. Da muita importância as uvas autóctones, o que é bom, pois tem uma acervo ampelografico espetacular. São uvas que só temoos ali, rivalizando com a Itália em número de uvas próprias. Um espaço tão pequeno e uma diversidade tão grande, que patrimônio! E com a culinária, às vezes tão próxima da nossa, com vinhos que harmonizam com ela tão bem.
Qual o diferencial dos vinhos alentejanos?
São vinhos versáteis. Por vezes mais aromáticos que os argentinos, mais macios que os chilenos, de tão boa acidez como os neozelandeses e encorpados como os australianos. E muitas vezes tudo ao mesmo tempo. Em uma terra tão quente, o que é uma contradição. Vinhos que tem aptidão gastronômica, que pedem comida e muitos leves e frescos para um dia de piscina, por que não?
Como você se preparou para o concurso?
Esta foi a terceira edição do concurso, tentei a classificação desde o primeiro, ficando sempre entre os melhores. Desta vez fui fazer a prova em Campinas, li mais, pedi dicas aos campeões anteriores, ao amigo Alexandre Lalas, aos meus colegas, que têm mais prática de salão que eu, aos meus alunos, pois sou professor de Educação física. Treinei, vi as provas anteriores, perguntei, assisti palestras e workshops dos maiores especialistas da área, provei muitos vinhos do Alentejo. Ah, e visitei muito a Cadeg aqui no Rio de Janeiro, embora seja um pólo da cultura do Norte de Portugal, tem muito do Alentejo lá.
Esperava o resultado?
Ganhar o concurso foi apenas a cereja do bolo, pois cada fatia vivida por mim em terras alentejanas é inesquecível. Foi tudo muito intenso para os oito finalistas, mesmo aqueles que já conheciam a região, alguns muito experiêntes em vinhos portugueses. Fui o segundo a fazer a prova final, só acreditei que poderia ganhar quando um dos finalistas, Luciano Bressan que tem a maior carta de vinhos portugueses do Brasil, do Rancho 53 em São Paulo, elogiou a minha escolha de vinho para a harmonização dos pratos dos jurados. Ainda assim uma surpresa pra mim. Fruto de todos um trabalho, nem melhor, nem pior que dos outros finalistas, apenas trabalho e paixão.