
Se até pouco tempo caipirinha era sinônimo de cachaça para os gringos, seis deles estão no Brasil para mostrar que o cenário está mudando. São os vencedores do campeonato Cachaça Me If You Can, que aconteceu na Itália, Inglaterra, Holanda e Estados Unidos no ano passado. Cada competidor teve que apresentar um coquetel autoral e uma versão do nosso Rabo de Galo, com uma das variações de Yaguara, ouro, branca ou o blend de carvalho europeu. O prêmio era vir ao Brasil conhecer como se faz a nossa marvalda.
Nesta sexta, metade do time invade o balcão do Garoa, no Leblon, a partir das 19h, para mostrar que coquetéis com cachaça vão muito além da caipirinha. A outra metade já chacoalhou o balcão do Caracol, em São Paulo, na última quarta-feira.
Conheça os bartenders e os coquetéis da noite:
Maria Eugênia, da Vermuteria, em Londres:
Maria Eugênia Vieira, ou Geggia como é mais conhecida, é brasileira, foi morar na Itália aos cinco e há quatro mora em Londres. Um dos seus coquetéis para o campeonato foi uma releitura de caipirinha, só que de chuchu.
- Achei que não fossem me deixar ganhar pelo fato de ser brasileira, mas fui morar na Itália aos cinco anos! - diz Geggia, que buscou sabores da nossa gastronomia afetiva para criar seu coquetel. - Aprendi muitas técnicas de cozinha nos meus últimos anos de bar, e apliquei isso no drinque. Fiz um cordial de chuchu clarificado e um gelo apenas com as sementes e cascas da fruta (sim, chuchu é uma fruta!)
Por aqui, ela fará um coquetel com Yaguara orgânica infusionada em chá de tangerina, vermute branco , água tônica e morango.
Wilson Pires, de Portugal:
Wilson ganhou a etapa do concurso na Holanda com dois coquetéis sobre a história do Brasil. Um, inspirado na literatura de Jorge Amado.
- Fiz o Terra de Contrastes, que ressalta as riquezas e as dificuldades do país. Um coquetel intenso, com sabor de terra e frutas. Usei café, cerveja preta, frutas silvestres - diz Wilson que, neste momento, está escolhendo em que país do mundo vai fincar a sua coqueteleira. - No outro, o 1500, uni Brasil e Portugal, com cachaça, um vermute de vinho do Porto artesanale e umas gotas de solução salina, que representa o oceano que une e separa os dois países.
O coquetel dele da noite será com Yaguara infusionada com formiga, limão, mel de cacau, club soda e cumaru em pó.
Damon Roseberry, dos Estados Unidos, ex-Broken Shaker e atual Taquizia, os dois em Miami:
Damon nasceu no estado da Virginia, nos Estados Unidos, cresceu em El Salvador, e começou a trabalhar como bartender em Key West, na Flórida. Essa mistura fez com que ele tivesse intimidade com destilados como Mezcal, Rum e Cachaça desde cedo.
- Cachaça é um destilado muito tropical e, na Flórida, já usava muito nos meus coquetéis, muito além da caipirinha - diz, Damon. - Mas gosto de trabalhar a cachaça mais para o lado das ervas porque acho que tem essa pegada bem refrescante.
No campeonato, fez um coquetel com cachaça, maracujá e pérolas de tapioca. Nesta sexta, ele vai explicar melhor a teoria com um coquetel de Yaguara Oouro, limão, jarabe (um xarope mais empertigado de açúcares), spray de Mezcal, sal com especiarias locais e um twist de limão.
O Garoa fica na Dias Ferreira 50, no Leblon, e os "gringos" invadem o bar a partir das 19h.