A Amitié, marca gaúcha premiada internacionalmente, lançou uma nova linha de vinhos produzidos em diferentes regiões do país, com uvas colhidas em diferentes estações. As sócias, a enóloga Juciane Casagrande Doro e a sommelière Andreia Gentilini Milan, buscaram criar um projeto que não celebrasse apenas as uvas, mas também as colheitas. São cinco vinhos: dois de verão, um de outono, um de inverno e um de primavera.
- São vinhos com colheitas em quatro estações e cinco terroirs do país. Temos diferenças gigantes entre um vinho e outro, já que estamos falando de um produzido em latitude 23 e outro em latitude 8. Dizia-se que era impossível produzir vinhos nesta região - afirma Juciane.
Para a enóloga, em comparação com países do Velho Mundo, o Brasil é muito jovem na produção de vinhos:
- Mas temos feito mais que muitos países em menos tempo - frisou, referindo-se a pesquisas e tecnologias empregadas no setor.
Os vinhos
O vinho Colheita de Primavera (R$ 73,no site da marca) é um rosé, feito com Tempranillo. As uvas foram colhidas em setembro do ano passado e são do semiárido do Vale do São Francisco, de Lagoa Grande, Pernambuco.
- É um caso único no planeta, de vitivinicultura tropical. São feitas duas podas e duas colheitas por ano. Pode-se colher diariamente na região, mas se evita de janeiro a março em razão das chuvas - detalha Andreia.
Na primavera, o clima é mais ameno e com maior amplitude térmica. O vinhedo está a 390 metros de altitude. O rótulo tem aromas de frutas vermelhas, como morango e framboesa. Em boca, é frutado e fresco. Combina com frutos do mar, carnes brancas, queijos macios, entradas e pratos leves.
Dois vinhos com colheitas no verão
Já os dois vinhos do verão foram produzidos no Rio Grande do Sul: o Tannat, na Campanha Gaúcha, e o Cabernet Franc, na Serra Gaúcha.
O Cabernet Franc (R$ 79) é feito com uvas de Pinto Bandeira, de vinhedos a 660 metros de altitude. Tem coloração rubi brilhante com tons violeta. Possui aromas de frutas negras, framboesa e especiarias. Tem passagem por barricas de carvalho francês de segundo uso por seis meses. Combina carnes e queijos como de cabra, além de massas com molhos condimentado e pratos vegetarianos.
- Ele é muito gastronômico. Tem notas herbáceas e de especiarias, como pimenta do reino - detalha Juciane.
O Tannat (R$ 79) é feito com uvas de vinhedos de Santana do Livramento,a 180 metros de altitude. A colheita de verão é a tradicional, feita na Campanha Gaúcha há mais de um século, com a vindima entre os meses de janeiro a março. O clima é temperado, com verões quentes e grande amplitude térmica.
O vinho possui coloração rubi intenso com bordas violáceas. No nariz, apresenta notas de frutas vermelhas, como mirtilo, amora e ameixa. Tem seis meses de passagem por barricas de carvalho francês. Vai bem com carnes vermelhas, feijoada, carnes de panela, massas, risotos e queijos.
- O desafio da Campanha é colher na hora certa, não passar do ponto. É um vinho com potência, fruta. A barrica é muito discreta - avalia Juciane.
Outono: um corte
O vinho de outono é Blend Tinto (R$ 94), que tem coloração rubi límpido e brilhante. O corte é elaborado com Merlot, Malbec, Cabernet Sauvignon e Montepulciano. As uvas são de Videira, Santa Catarina, colhidas em abril de 2019. O clima é temperado e subtropical com altitudes acima de 1.000m, o que leva a ciclos tardios na colheita, em especial das tintas que terminam de amadurecer no outono. O vinho passa seis meses em barricas de carvalho francês.
Seus aromas são frutados, com notas de ameixa. Na boca, tem toques de especiarias e baunilha vindos da maturação em barricas.O teor alcoólico é de 12,5%. A harmonização sugerida é com carnes vermelhas, massas e queijos de sabor marcante.
O inverno de Minas
Quem representa o inverno é um Shiraz (R$ 110), com origem na Serra da Mantiqueira, em Andradas, Minas Gerais, a 870 metros de altitude. Também passou seis meses em barricas de carvalho francês. Tem aromas de frutas vermelhas maduras como amora e framboesa, além notas de chocolate e pimenta negra.
O teor alcoólico é de 14%. As indicações de harmonização são carnes vermelhas, carnes com molhos e massas.
- É um vinho com muita fruta, mentolado - diz Andreia.
Ela explica que a produção na região tem custo mais elevado:
- O custo é cinco vezes mais alto. O manejo do vinhedo é diferente. Temos que usar uma proteção lateral para os pássaros não comerem as uvas. A maturação delas é mais lenta - detalha.