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Chilena Veramonte: vinhos orgânicos feitos em 'solos vivos'

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Veramonte: vinhas velhas com cultivo orgânico


A Vinícola chilena Veramonte apresentou ao mercado brasileiro seus pontuados rótulos orgânicos, em evento on-line promovido pela Total Vinhos. A proposta é elaborar vinhos no que eles chamam de living soils (solos vivos, em tradução livre), na região de Apalta e de Casablanca. A busca é pelo equilíbrio entre o meio ambiente e a mínima intervenção, para obter uvas de qualidade que expressem o lugar onde são plantadas.

O cuidado com os vinhedos passa por alguns fatores, que incluem, por exemplo, a presença de ovelhas e outros animais que ajudam a cortar o pasto na primavera, minimizar a compactação dos solos e a fornecer fertilizante natural.

- Para que os vinhedos fossem orgânicos, tivemos que eliminar todas as substâncias químicas. Um aspecto importante é a fertilização, feita compostos que nós mesmos fabricamos com materiais orgânicos que saem da vinícola. Há ainda o controle de ervas daninhas, que é mecânico. Nós fizemos as pazes com as ervas daninhas e entendemos que há um equilibrio que se gera. Não são um aspecto preocupante. E nos alegramos em ter certa condição de equilíbrio e de vida. Uma das principais preocupações de nosso trabalho é olhar os solos e ver que eles têm vida.

Ovelhas pastam nas vinhas da Veramonte: busca pelo equilíbrio

Sofía diz ainda que são usados óleos de base cítrica nos vinhedos. Ela frisa que o Chile oferece boas condições climáticas para o cultivo orgânico:

- Não há condições tão adversas. De certa forma, é fácil o trabahho orgânico. E para nós foi uma decisão que fazia muito sentido para voltar a conectar estes vinhedos com o terroir. E para que as pessoas consigam degustar o terroir através do vinho.

Ritual, influência do oceano

Ritual Chardonnay: uvas de vinhedos de Casablanca

Os rótulos da linha Ritual vêm do Vale de Casablanca, no sopé da Cordilheira da Costa e sob influência do Oceano Pacífico, que ameniza a temperatura com brisas e brumas. São plantadas ali castas brancas como Chardonnay e Sauvignon Blanc; e tintas de clima frio, como Pinot Noir, Merlot e Syrah. Vieram de lá o Pinot Noir 2017 (R$ 190), considerado um dos 100 melhores vinhos do ano passado pela "Wine Enthusiast"; e o Chardonnay (91 pontos James Suckling e 88 pontos Descorchados - R$ 175), que não passou por fermentação malolática e teve contato prolongado com as borras.

- Hoje há um boom de Pinot Noir. Nós já tivemos em nosso campo de Casablanca vários hectares com Pinot Noir. Fomos bastante visionários. Fizemos testes com clones californianos, que àquela época não eram muito utilizados no Chile. Esse material nos dá resultados muito bons. Já houve muita discussão do que é o Pinot Noir de Casablanca, o que queríamos transmitir. Temos um benchmark muito desafiador, temos Borgonha. Provamos muitos vinhos de Sonoma. Também de Oregon, que faz um tremendo trabalho. Casablanca é um vale frio, perto do Pacífico. Estamos em um ponto mais quente, sempre damos início à colheita. Os enólogos sempre estão atentos quando começamos a colher as uvas. Sentíamos que nosso Pinot Noir é potente, com muita cor e estrutura. Decidimos que a identidade tinha que ser a que nosso vinhedo nos outorgava. Isso pelos clones e pelo solo, com argila. Esses clones têm raízes maiores e pele mais grossa. Seria lutar contra isso se buscássemos outro estilo. Decidimos potencializar o que tínhamos no vinhedo, para buscar as características para honrar a variedade: fruta, elegância, frescor, suavidade de taninos, sem perder estrutura.

A Pinot Noir do Ritual é fermentada em cuba aberta, com leveduras nativas:

- Para mim, não há outra forma de fazer Pinot Noir que não seja com levedura nativa. A fermentação é muito mais controlada, mais delicada. Dá mais janelas para avaliar e tomar decisões. Depois de fermentar, o vinho passa a barricas onde praticamente não se mexe mais nos próximos 10 ou 12 meses. Cem por cento barrica de francesa e pouquíssima barrica nova. A ideia é que aporte complexidade, não que domine a fruta do vinho detalha Sofía.

De Apalta, os outros tintos

Carménère: uva de Bordeaux faz sucesso no Chile

Já Apalta, no Vale de Colchagua, é a origem dos tintos de uvas de maturação tardia, das linhas Primus e Neyen. Os vinhedos ficam a 45 quilômetros da costa do Pacífico, plantados em solos coluviais bem drenados, com textura franco-argilosa e rochas. Um dos destaques é o pontuado Neyen Espiritu de Apalta 2016 (R$ 700), com uvas vinhas velhas de Carménère (50%) que somam 80 anos; e as de Cabernet Sauvignon (também 50%), com 130 anos. Antes do corte, cada variedade estagia 12 meses em barricas de  carvalho francês 50% novas. Após o blend, são mais 6 meses em foudres também de madeira francesa. Acompanha pratos densos e complexos, como um boeuf bourguignon, cordeiro assado e ossobuco. Ele obteve 96 pontos de Tim Atkin; 96 pontos no Descorchados; e 94 pontos de James Suckling.

- As vinhas de 130 anos são muito bonitas. E com todo o manejo que nós fazemos, na verdade, é bem pouco o que precisamos ajustar. As vinhas estão auto-reguladas, conectadas com o ambiente e o terroir. Elas leem muito bem todas as mudanças climáticas. E reagem bem a condições mais complexas como por exemplo, uma colheita com clima mais quente. Com as práticas orgânicas, promovemos uma nova vida nos vinhedos, que esperamos que possam existir pelos próximos 130 anos.

Já da linha Primus, o The Blend 2015 (R$ 189) é feito com uvas das porções mais jovens dos vinhedos do fabuloso Neyen. O corte tem 40% de Cabernet Sauvignon, 25% de Merlot, 24% de Carménère, 8% de Petit Verdot e 3% de Cabernet Franc. Tem aromas de frutas negras, como cassis, e chocolate, com notas terrosas e mentoladas. Passa 12 meses em barricas e foudres de carvalho francês. Acompanha pratos de base de carne vermelha, especialmente os cozidos com molho. Ele recebeu 94 pontos de Tim e 94 pontos de James Suckling; e 90 pontos de Robert Parker.

Pinot Noir Ritual: uvas de Casablanca

O Primus Winemaker Selection 2016 (R$ 490) tem predomínio de Carménère (70%), em corte com Syrah (25%) e Cabernet Franc (5%). As uvas vêm de diferentes vinhedos de Apalta. A Syrah e a Cabernet Franc vêm de áreas mais elevadas; e a Carménère é oriunda das vinhas velhas das antigas terraças do Rio Tinguiririca. Passou 14 meses por barricas de carvalho francês novas. Tem aromas de fruta negra madura, como mirtilo, ameixa e amora, além de notas de café, chocolate e cogumelos. Harmoniza com pratos de carne vermelha.


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